Penso num passado não muito distante em termos de data, porém que carrega consigo histórias e experiências suficientes para preencher vários anos.
Lembro-me de um garoto que se achava homem. Com seus recém eitos, dezoito anos, já se achava dono de sua própria vida e de seu destino. Um homem pronto para encarar os desafios da vida adulta e de viver na cidade grande. um garoto que em seu primeiro dia nessa cidade, sentou-se na sala do apartamento onde morava e escreveu um texto falando sobre evolução e sobre sua vinda pela cidade em uma perspectiva cheia de ideais e certezas de coisas que provavelmente não eram tão certas.
O tempo se passou em em dois anos e nove meses, este mesmo menino descobriu que não estava nem perto de ser um homem. Que descobriu que quase todas suas certezas eram incertas e grande parte equivocadas. Que descobriu que MORAR na cidade grande é completamente diferente de VIVER na cidade grande. Que a vida ensina muitas coisas, mas que nada é de graça. Que inclusive sua liberdade tem um preço. E geralmente este, é o maior preço a ser pago. Que por mas que várias pessoas passem pela sua vida, sempre haverá aquela pessoa que vai olhar pra você e dar uma rizada falando que você se fodeu. Mas essa pessoas sempre estará ali pra te levantar e vocês se ferrarem juntos e falar: "Bora que vai dar tudo certo, se não der, a gente tenta outra coisa". Que aprendeu que a vida pode ser muito mais festiva do que a maioria gostaria de admitir, e que até nos maiores momentos de descontração, sempre há um fundo sério. E vice-versa. Que aprendeu que é melhor rodar com seus amigos do que pelegar com os coxinhas. E que se você não traçar e correr atrás de seus objetivos, ninguém o fará por você.
Vejo fotos deste garoto que em muito me lembra a imagem que me reflete o espelho. Um rosto que em quase nada mudou, apesar do fato de sua mente ser irreconhecível se comparada com a da época.
Um garoto que cresceu mais nos últimos quase três anos do que em grande parte da sua vida, que hoje a única quase certeza que tem é de que ele continua longe de se tornar um homem. Não que isso faça dele uma criança, o que também não seria ruim. Porém um ser humano que sabe que a cada dia haverão novas experiências e aprendizados e novos desafios maiores que os anteriores.
Um cara que hoje olha para trás e sente orgulho de sí mesmo e mais confiante em continuar evoluindo e um dia, sentar-se novamente à janela e ao observar a vista e ouvir o barulho que vem de fora, possa dizer que encontra-se a uma distância menor de ser um homem, porém com aquela mesma juventude que sempre o acompanha.
Rafael Campos, 14 de Novembro de 2014
