sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Rev-olução

Olho pela janela da sala e vejo as luzes dos prédios vizinhos através do filtro dos sonhos que balança ente minhas cortinas.
Penso num passado não muito distante em termos de data, porém que carrega consigo histórias e experiências suficientes para preencher vários anos.
Lembro-me de um garoto que se achava homem. Com seus recém eitos, dezoito anos, já se achava dono de sua própria vida e de seu destino. Um homem pronto para encarar os desafios da vida adulta e de viver na cidade grande. um garoto que em seu primeiro dia nessa cidade, sentou-se na sala do apartamento onde morava e escreveu um texto falando sobre evolução e sobre sua vinda pela cidade em uma perspectiva cheia de ideais e certezas de coisas que provavelmente não eram tão certas.
O tempo se passou em em dois anos e nove meses, este mesmo menino descobriu que não estava nem perto de ser um homem. Que descobriu que quase todas suas certezas eram incertas e grande parte equivocadas. Que descobriu que MORAR na cidade grande é completamente diferente de VIVER na cidade grande. Que a vida ensina muitas coisas, mas que nada é de graça. Que inclusive sua liberdade tem um preço. E geralmente este, é o maior preço a ser pago. Que por mas que várias pessoas passem pela sua vida, sempre haverá aquela pessoa que vai olhar pra você e dar uma rizada falando que você se fodeu. Mas essa pessoas sempre estará ali pra te levantar e vocês se ferrarem juntos e falar: "Bora que vai dar tudo certo, se não der, a gente tenta outra coisa". Que aprendeu que a vida pode ser muito mais festiva do que a maioria gostaria de admitir, e que até nos maiores momentos de descontração, sempre há um fundo sério. E vice-versa. Que aprendeu que é melhor rodar com seus amigos do que pelegar com os coxinhas. E que se você não traçar e correr atrás de seus objetivos, ninguém o fará por você.
Vejo fotos deste garoto que em muito me lembra a imagem que me reflete o espelho. Um rosto que em quase nada mudou, apesar do fato de sua mente ser irreconhecível se comparada com a da época.
Um garoto que cresceu mais nos últimos quase três anos do que em grande parte da sua vida, que hoje a única quase certeza que tem é de que ele continua longe de se tornar um homem. Não que isso faça dele uma criança, o que também não seria ruim. Porém um ser humano que sabe que a cada dia haverão novas experiências e aprendizados e novos desafios maiores que os anteriores.
Um cara que hoje olha para trás e sente orgulho de sí mesmo e mais confiante em continuar evoluindo e um dia, sentar-se novamente à janela e ao observar a vista e ouvir o barulho que vem de fora, possa dizer que encontra-se a uma distância menor de ser um homem, porém com aquela mesma juventude que sempre o acompanha.

Rafael Campos, 14 de Novembro de 2014