domingo, 31 de dezembro de 2017

METAS QUE O MOVIMENTO "LGBT LACRAÇÃO" DEVE ADOTAR PARA 2018.

Semana passada, um jornalista publicou um texto com o tútulo "10 Coisas que Gays devem parar de fazer em 2018". Seria uma leitura até interessante se não se tratasse de mais do mesmo: a velha demonização e perseguição à comunidade Gay com a qual já estamos acostumados há mais de 1600 anos. Um texto altamente estereotipante nos mesmíssimos moldes das publicações de conservadores religiosos que tentam ditar "como ser um Gay descente" na tentativa de adestrar a comunidade Gay para que ela sirva às suas vontades e aja da forma que eles desejam. Além de ridículo, o texto não fala absolutamente nada de relevante para um movimento político e se resume a choradeira e dor de cotovelo de gente ressentida que procura em tudo que é canto, uma forma de externalizar sua homofobia de uma maneira que não pareça homofobia, mas sim "desconstrução".

Frente a isso e inspirado pelo texto do coleguinha Caparica, resolvi listar algumas coisinhas que a turminha LGBT da lacração pode adotar como meta para 2018. Seguem elas:

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  1. Parar de achar que gays são bonecos infláveis.
Dear bissexual people. As pessoas homossexuais não são bonecas infláveis que servem apenas para satisfazer sua necessidade de sexo quando sua parceria hétero (aquela que você anda de mão dada na rua e apresenta para a família, sabe?) não está afim de transar. Além disso, não é pelo fato de ter um Gay afim de você, que você tem o direito de coagi-lo a transar com você e uma mulher para satisfazer seus fetiches. Se quer ser tratado com respeito, faça o mesmo primeiro.

  1. Parar de fazer  de conta que existe uma tal de “bifobia” (e pelo amor de Deus, PAREM com essa mania doentia de achar que ter uma “fobia para chamar de sua” é algo que gera algum “status”).
Já passou (e muito) da hora de parar com essa palhaçada de achar que toda criticazinha, rejeição amorosa ou olhadinha torta na rua ou na balada é uma “opressão estrutural”. A tal da “bifobia” não existe e nunca existiu, assim como também não existe essa lenda chamada “gordofobia”.
Ninguém morre por ser bissexual; ninguém nunca foi preso por ser bissexual; ninguém nunca foi considerado doente por ser bissexual; ninguém nunca foi apedrejado, preso, decapitado, açoitado, assassinado ou enforcado por ser bissexual; ninguém foi E É mandado para campos de concentração por ser bissexual; ninguém nunca foi proibido de se casar por ser bissexual; ninguém foi internado em hospitais psiquiátricos e sofreu lobotomia por ser bissexual. Os bissexuais que sofreram tais coisas, as sofreram não por uma suposta “bifobia”, mas sim por HOMOfobia e por serem “confundidos” com homossexuais. Nenhum bissexual leva porrada na rua quando está andando de mãos dadas com sua namorada em um relacionamento hétero, mas corre o risco de apanhar caso ande na rua de mãos dadas com um parceiro de um relacionamento homo. Então apenas PAREM de tentar forçar a existência da “bifobia” para poder ter um “lugar ao sol” no “clubinho dos oprimidos” (como se isso fosse algum tipo de vantagem e eu sinceramente não sei de onde vem essa mania doentia de achar que gera algum ‘status’), porque ela existe tanto quanto a “heterofobia”. Ou seja: NÂO existe.

  1. Parar de escrever que nem idiotas.
Eu realmente acho engraçadíssimo como as pessoas que se dizem “as maiores ativistas da justiça social que você respeita” se preocupam com todo tipo de coisa inútil e sem sentido que não ajudam em absolutamente nada na luta prática das minorias, mais ainda atrapalha a vida de outras minorias. Uma dessas coisas é essa mania tosca de difundir o analfabetismo funcional como se fosse algo extremamente louvável e “revolucionário”.
Não é nada raro vermos pessoas que se dizem “lutadoras contra o patriarcado” mudarem a forma de escrever para bancar o “desconstruidão da porra” e substituir as vogais das palavras por “x”, “@” e “e” (Ex: Todxs, amigues, bonit@). Parem com isso pois além de ser uma coisa totalmente inútil e sem sentido prático nenhum além da tal “representatividade”, isso ainda pode atrapalhar a vida de pessoas portadoras de deficiência que utilizam softwares de leitura, uma vez que os mesmos não reconhecem essas palhaçadas que vocês acham “legal” inventar por puro fogo no rabo e falta de serviço (a vida de vocês deve estar muito bem resolvida e sem nenhum problema para gastar tempo com “desconstrução da língua portuguesa, né?)

  1. Entender que os maiores babacas que vocês tanto adoram criticar não são Gays e sim bissexuais.
Sabe aquele cara que vocês gostam tanto de chamar de babaca, machista e o escambau por exigir “sigilo”, ser “discreto e fora do meio”, “não sou nem curto afeminados”, “tem que ser escondido” e o caralho a quatro? Pois então. Essas pessoas geralmente fazem isso porque têm medo ou vergonha de ter sua sexualidade revelada. E sabem quais são os maiores motivos para tal? 1) São Gays obrigados a fingir uma vida heterossexual e não podem ser expostos por “n” motivos que vão desde homofobia internalizada até medo de agressões e coisas piores. 2) São bissexuais que não querem ser “confundidos” com Gays e desprezam qualquer tipo de associação deles com a homossexualidade. Lembram dos famosos “comedores de v14d0” aos quais nos referíamos até pouco tempo atrás (os atuais HSH)? Pois bem. Eles nada mais são que bissexuais. Então tomem vergonha na cara e parem de jogar esse saco nas costas dos Gays quando na verdade ele está muito mais nas costas do bis do que na nossa.
  1. Parar de confundir cooperação com parasitismo
Muita gente adora falar em uma linda e maravilhosa “união da comunidade LGBT”. Mas essa união só existe quando ela serve para fazer com que os Gays deixem suas pautas em segundo plano e trabalhem para tratar de pautas de outras letras do abecedário da casa da mãe Joana que virou este movimento. Quando a pauta tratada é uma pauta referente à comunidade Gay, o que não faltam são textões falando do “quão umbiguista o movimento Gay é”, “como os Gays são GGGGs e pensam apenas em si mesmos” e coisas afins. Esquecendo-se, proposital e desonestamente, de que o movimento Gay carregou todas as lutas nas costas por mais de 150 anos. Inclusive quando o movimento feminista fez o favor de meter o pé na bunda das lésbicas deixando para que o movimento Gay (aquele GGGG que vocês tanto odeiam) impedisse que elas fossem enviadas para os campos de concentração nazista sob o parágrafo 174 do CP alemão. Mas quando são as outras letrinhas da sopa (inclusive bissexuais que nem pautas próprias têm) que estão tocando suas lutas independentemente (o que eu acho ótimo porque cria independência), sobram elogios sobre “como os LBTs são empoderados” e o caralho a quatro”. Realmente é bem fácil ter este empoderamento todo e “exigir visibilidade” quando a poeira está mais baixa e se foi carregado nas costas por um século e meio, né? Então sejam ao menos um pouquinho menos ignorantes e mais coerentes, pois Gay nenhum é empregado de LBT para priorizar outras pautas em detrimento das nossas. Até porque vocês não fazem isso.

  1. Discutir pautas que realmente existam e parar de achar que questões referentes à sua vida pessoal são relevantes para debates sociais.
Padrãozinho”, “gordofobia”, “solidão afetiva de fulano”, “desconstrução de gosto”... Nada disso é pauta e nada disso é minimamente relevante para o movimento. Pare de achar que alguém é obrigado a resolver seus problemas e lástimas pessoais como parte da militância, pois não é. Se a sua vida afetiva é uma bosta, o problema é seu. Resolve isso por conta própria, cresça, se valorize e entenda que ninguém é obrigado a gostar (ou fingir que gosta) de você por “desconstrução” (vulgo: pena). E na moral, não é possível que vocês achem digno alguém fazer de conta que gosta de vocês por obrigação. Cadê o amor próprio, galera?

  1. Deixar de ser fresco e focar nas pautas que realmente importam.
Aproveitando o gancho do ponto anterior, eu queria muito saber como andam as discussões realmente sérias e que devem ser tratadas no nosso movimento ao invés de “noossaaaaa, como os GGGGs padrõezinhos são babacas por darem toco em gente gordaa”, “noosaaaaa, o Gay chamou o bissexual de indecisoo. Que bifóbico ele é”, “nooosaaa, que absurdo um gay que se recusa a se relacionar com vaginas, seu misógino escroto, machista babaca”, “ain, hoje eu criei um gênero novo pra mim no tumblr e quero ele na minha identidade senão vou chamar todo mundo de transfóbico”; como por exemplo: Legalização (via lei e não jurisprudência) do casamento homoafetivo, derrubada da proibição de homens gays doarem sangue, adoção, despatologização da transsexualidade e extinção dos CIDs F-64.0, F-64.1 e F-65.1, empreendedorismo LGBT, ações de proteção à criança e adolescente vítima de homofobia em casa e na escola, políticas públicas para LGBTs idosos, criminalização da LGBTfobia, aprovação do estatuto da diversidade sexual, formação de bancadas políticas para que nossas pautas possam realmente ser debatidas, ações internacionais a respeito dos CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO PARA HOMENS GAYS que existem na Chechênia, caça aos Gays promovida abertamente pelo islamismo, direito à autodefesa e coisas do tipo.

  1. Parar de se achar no direito de se meter na vida sexual / amorosa de outras pessoas sem elas terem pedido sua opinião.
Ultimamente os LBTs têm super se achado no direito de querer ditar e decidir com quem os Gays devem se relacionar, né? “Ain, você não se relaciona com gordos seu gordofóbico”, “ain, você não se relaciona com bis, seu bifóbico”, “ain, você não se relaciona com negros, seu rascista”, “ain, você não se relaciona com trans, seu transfóbico”... E vocês, amores? Como andam (para além do recalque) suas vidas amorosas e sexuais? Cheias de bissexuais, negros, gordos e trans? Ou será que vocês não passam de um bando de hipócritas demagogos que gostam de bancar as carolas da década de 20 que gostavam de arranjar casamentos para os outros enquanto estavam encalhadas? Vocês se relacionam com seus respectivos grupos ou isso é uma “nova obrigação” exclusiva da comunidade Gay para satisfazer o ego tosco de vocês?
É um ponto a se pensar, né?

  1. Parar de estimular hábitos destrutivos e nocivos sob um falsíssimo pretexto de “desconstrução” e “empoderamento”.
Está super “na moda” as pessoas “se preocuparem” com a saúde mental das outras, né? Mas a custo de quê? Como vem essa preocupação e qual sua finalidade? Será que se trata realmente de preocupação com terceiros ou apenas de justificar hábitos destrutivos e camuflar a preguiça, comodismo e vontade de fazer todo mundo ser como você usando como argumentos absurdos como “tudo bem você estar gordo”; “obesidade não é doença”; “obesidade não deve ser combatida e sim a ‘gordofobia’”, “ser magro e frequentar academia é uma forma que o sistema capitalista malvadão usa para te explorar e acabar com sua saúde” (OI??); “se você for gordo (a) e gostar de ser assim, você não está fazendo mal nenhum a você mesmo e ainda está sendo ‘revolucionário e lutando contra os padrões de beleza’” (vergonha na cara, que é bom, nada né?) e “essa sociedade gordofóbica vai ter que aturar ou surtar”?
Pois bem. Obesidade é doença SIM, é um problema de saúde pública SIM, faz mal SIM e deve ser combatida SIM. E nenhum discursinho com jargões mainstream vai mudar o fato de que obesidade é uma doença (CID E-66), entope veias, acarreta outras doenças e mata. Então ao invés de prestarem desserviços à sociedade, comecem a incentivar as pessoas a fazerem exercícios, frequentar academias e ter uma boa alimentação ao invés de falar que “bacon e carboidratos são revolucionários”. Ninguém liga para revolucionários mortos por hipertensão, diabetes, hipertrofia ventricular, trombose, câncer, artrose e derivados. CRESÇAM!

  1. Entender que “lacração” não é ativismo.
Se você acha que “lacrar” e “pisar” nos outros é uma excelente e revolucionária forma de ativismo, parabéns. Você é um completo imbecil. Além de não ajudar em absolutamente nada em luta alguma, só cria ainda mais resistência e aversão às pautas e discussões que devem ser feitas o quanto antes pelo simples motivo de que você quer brincar de Regina George e fazer de conta que é uma vilã de novela das 21hs. As pessoas não vão atender às nossas reivindicações e entender sua importância pelo simples fato de você querer que elas façam isso. É preciso provas e desenhar o porque isso deve ser feito. Mostrar o que vai trazer de bom para a sociedade e como tais questões vão contribuir para o avanço dela como um todo. Não se esqueça que você é uma minoria tanto em número populacional, quanto em dinheiro e poder. Então achar que se pode enfrentar um canhão de guerra com um quilo de glitter e que nisso existe uma correlação de forças proporcionais, além de ser um baita de um tiro no pé, é de uma burrice sem tamanho. Sem falar que é irritante pra caralho e faz não só os “cis-héteros” tomarem antipatia do movimento como um todo, como também afasta e coloca muitos LGBTs contra o movimento da forma como vem sendo tocado. Isso se chama auto sabotagem e suicídio político.

  1. Parar de demonizar Gays
Não é de hoje que a humanidade está habituada a jogar a culpa de todas as suas mazelas, sofrimentos, desgraças, catástrofes e infortúnios nas costas dos Gays. Acreditem, nem nisso vocês são pioneiros ou “diferentões”. Foi assim com a peste negra no século XIV, foi assim durante o nazismo, foi (e é) assim nos regimes comunistas, foi (e é) assim no cristianismo onde somos culpados pela questão de Sodoma e Gomorra, é assim no islamismo, foi assim durante a epidemia de HIV no século passado... Enfim. Sempre que dá alguma merda na sociedade, a galera usa a comunidade Gay como espantalho para culpar por suas lamentações. E agora o mesmo está sendo feito com os pobres coitados dos LBTs que resolveram embarcar na onda (nada criativa) dos homofóbicos e jogar toda a culpa de suas angústias e lamentações nas costas dos Gays.
Acontece que se hoje vocês têm o mínimo de liberdade para brincar de “lacrar”, “pisar” em Gays e chamar isso de ativismo (vocês são patéticos), é justamente graças aos homens Gays que carregam vocês nas costas como parasitas desde 1867, quando foi criado o primeiro grupo de defesa dos direitos homossexuais do mundo. O comitê científico humanitário foi fundado por Magnus Hirschfeld em 1867 na Alemanha e foi graças aos GGGGs que hoje vocês podem sair lacrando, dando pinta e sair por aí esbanjando soberba e ingratidão ao se apropriar, colonizar, apagar, reescrever e literalmente roubar a história de um movimento que foi criado, tocado e mantido por Gays desde sempre. E antes que venham com aquela ladainha ridícula de Stonewall, já lhes adianto que: 1) Não foi nem de perto a primeira mobilização Gay que existiu. Antes disso já haviam várias mobilizações como piquetes, artigos em revistas e todo tipo de manifestação que conhecemos hoje. Stonewall foi apenas um marco que teve maior visibilidade. 2) Não foram as travestis e mulheres trans que deram início à revolta. Inclusive a tal da Sylvia Rivera sequer estava nos motins. Ela estava dormindo no Parque Bryant depois de uma dose de heroína. A clientela de Stonewall, inclusive, era formada basicamente por homens brancos de classe média, frequentado por poucas drag queens e travestis. Então antes de saírem espalhando mentiras, ao menos se informem sobre a história do evento em questão.
Isso sem falar na apropriação de datas e símbolos da cultura Gay como a própria bandeira do arco-íris, que é a bandeira do orgulho Gay (e não “LGBT”) e de datas como o dia 17 de maio, no qual é comemorado o dia internacional de combate à homofobia, por se tratar da data em que a homossexualidade foi retirada da lista de doenças da OMS em 17 de maio de 1990.

  1. Parar de fazer o movimento virar uma piada como tem sido feito nos últimos anos.
De uns anos para cá, o que não faltou foram motivos para tratar o movimento como piada. Dentre os quais, podemos citar coisas como a incorporação de trocentas letras à sigla (uma para cada “gênero” novo criado pela turma da lacração virtual – têm-se notícia de que tem gente usando até QUINZE letras nela e pasme: pessoas querendo incluir heterossexuais nela), teorias sem o mínimo nexo como “gênero fluido”, “sexualidade como construção social” (o que corrobora com o discurso fundamentalista de “cura gay” ao dizer que ninguém nasce hétero ou homossexual – ou seja, a mesma coisa que os religiosos dizem ao falar que as pessoas “viram gays” por influência), uma suposta obrigatoriedade de pessoas L, G, B e Ts serem de esquerda para terem alguma “legitimidade” de lutar por seus direitos civis como se orientação sexual e identidade de gênero fossem meras ideologias políticas, esquecendo-se completamente que tanto a direita quando a esquerda (principalmente a esquerda) perseguiu, prendeu, torturou, mandou para campos de concentração e Gulags os homossexuais sob acusação de serem “contrarrevolucionários” e campanhas horrendas como algumas que vemos por aí de “LGBTs pró-islã” (aquela religiãozinha que mantém atualmente SEIS campos de concentração para homens Gays na Chechênia.
O mais engraçado é a forma como as pessoas estão assustadas com o aumento da oposição ao movimento que vem ocorrendo nos últimos anos. Se nem o próprio movimento trata das coisas sérias que deveriam ser tratadas, como podemos esperar que pessoas fora dele entendam a seriedade que o mesmo deveria ter? Isso sem falar, claro, na quantidade de LGBTs que idolatram ditadores genocidas homofóbicos como Fidel Castro, Che Guevara, Stálin e Kim Jong-Um.

  1. Tomar vergonha na cara e parar, de uma vez por todas, de falar em “privilégio Gay”.
Por fim, mas não menos importante, vamos parar de uma vez por todas com essa palhaçada de falar em “privilégio Gay”. Não existe absolutamente nenhum privilégio em ser perseguido por mais de 1600 anos, preso, torturado, açoitado, enforcado, decapitado, açoitado, lobotomizado, apedrejado, enviado para campos de concentração, privado de direitos, visto como sub-homens, vetores de doenças, causadores de catástrofes ambientais e ter um alvo nas costas desde sempre.
Se formos falar em um suposto privilégio, quem tem esse tal privilégio é quem consegue “fazer de conta” que é hétero, andar de mãozinhas dadas com o relacionamento hétero na rua enquanto mantém relação sexuais escondidas com pessoas do mesmo sexo para satisfazer seus desejos, né? Talvez seja privilegiado quem, ao invés de ser chamado de “aberração” e “abominação”, é chamado de “esperto”, “quem come de tudo está sempre mastigando”, “caiu na rede é peixe”, “tem buraco, tá entrando” e tantas coisas que as Dear bissexuais people são relacionadas pela sociedade em geral. Então, na moral. Deixem de ser desonestos, hipócritas, tomem vergonha na cara e acordem para a vida.

14) Problematizar menos e solucionar mais.
Quanto mais o tempo passa, mais a militância ‘ELIGEBETÊ” se preocupa em criar e apontar problemas e menos em trabalhar em soluções para tais problemas. Como se criar uma nova sofrência por dia ou um motivo para mostrar para o coleguinha o quão fodida a vida dele é (todo mundo já conhece os próprios problemas), fosse algo minimamente produtivo e ajudasse em alguma coisa.
Ao invés de se gabarem por serem “os problematizadores do rolê”, poderiam começar a ser os solucionadores de problemas e criadores de ideias que possam realmente ajudar as pessoas. Como vai o trabalho nas ONGs?, Nos Gts? As participações no processo de construção das paradas? Como vai a politização da parada? A sugestão de temas sérios e relevantes? Como vai a criação de grupos que visem criar empresas LGBTs para que a questão do desemprego dessa população seja atenuada? O incentivo às empresas que nos apoiam? Como vão os financiamentos coletivos para criação de comunidades físicas para LGBTs? O estímulo à defesa pessoal ao invés do textão? Como vai o voluntarismo? E as campanhas pela aprovação de nossas pautas? E a mobilização contra a inquisição Gay que vem ocorrendo no mundo islâmico?

Pois bem, galera. Não adianta nada sair por aí se gabando pela sua “incrível capacidade de criar problemas” se você não tem a mesma capacidade de sequer pensar em como ajudar a solucioná-los.

quarta-feira, 13 de julho de 2016

PRECISAMOS FALAR SOBRE OS LGBTS IDOSOS.

Me dirijo agora a todos os leitores, mas em especial aos leitores LGBT, para lhes fazer uma pergunta simples: 
-Quantas pessoas LGBT você conhece, seja no seu círculo de amizades ou mídia ou pelas suas redes sociais?
A resposta provavelmente será: "várias", "muitas", "um monte", "perdi as contas"... E isso é muito bom. É um sinal de que estamos mais visíveis e menos "presos no armário", e isso sem sombra de dúvidas, é excelente. Mas quem somos nós? Quem somos "muitos"? Quem estamos "visíveis"?
"Visibilidade". Essa palavra é, de longe, uma das mais ouvidas em todos os movimentos sociais. Mas visibilidade para quem? Para nossa comunidade, ou apenas para nós mesmos individualmente? Visibilidade ou necessidade de destaque? Essas são perguntas que devem ser feitas urgentemente por todos "nós", do movimento LGBT. 
Para esclarecer um pouco, vamos "dividir" o "nós": Quantos de "nós" têm menos de 15 anos? Quantos de "nós" têm entre 15 e 17 anos? Quantos de "nós" temos entre 18 e 35 anos? Quantos de "nós" têm entre 36 e 59 anos? E, por fim, quantos de "nós" temos temos mais de 60 anos?
Se eu tivesse, seria capaz de apostar um milhão de dólares que a total e absoluta maioria de "nós" temos entre 18 e 35 anos. Isso porque no Brasil, a expectativa de vida de travestis e transsexuais é de 35 (sim, trinta e cinco) anos de idade E a de gays, varia de 37 a 55 anos, dependendo do nível de violência do local. Isso somado ao fato de que "nós" pouco, ou nada discutimos ou pensamos sobre as pessoas LGBTs com idade inferior a 18 anos, ao passo que elas são agredidas física e psicologicamente, violentadas, maltratadas e expulsas de casa (tema que tratarei em outro texto).
Logo, é por isso que "nós" não conhecemos muitas pessoas LGBTs com mais de 60 anos. Porque elas simplesmente não existem. Elas simplesmente se mataram ou foram assassinadas antes de chegarem à terceira idade e quando chegam, muitas vezes são completamente abandonadas por suas famílias e amigos por que "ninguém quer cuidar de uma maricona". Sim. Essa é a mais pura e cruel realidade do nosso meio. 
Ninguém quer saber, nem falar, nem pensar nos "velhos". Sempre foi assim com os heterossexuais, porque haveria de ser diferente com a gente não é mesmo? E há uma resposta para isso: Haveria de ser diferente porque se ser idoso no Brasil já é calamitoso, ser idoso -E- LGBT é desumano. É cruel.
Ser idoso LGBT no Brasil é ter a única e absoluta certeza do abandono. É passar nas ruas e sentir o preconceito mais cru e vil sendo destilado. Ser idoso LGBT no Brasil é ser sempre o "pedófilo", o "pederasta", o "velho tarado", a "maricona nojenta". É estar condenado a um submundo de guetos, do qual "nós" mantemos distância e, se por algum motivo um de "nós" formos vistos nestes locais, o título de garoto de programa é imediato. Pois muitas vezes, as pessoas LGBTs idosas precisam recorrer sim, a esta alternativa para ter ao menos, suas necessidades sexuais satisfeitas (sim, idosos também transam assim como "nós") já que quando conseguem a verdadeira conquista de chegar à terceira idade, "nós" simplesmente ignoramos sua existência ou a transformamos em piada. E isso não tem a mínima graça.
Imaginemo-nos daqui a 42 anos (caso cheguemos lá):
Como estaria nossa vida? O que pensaríamos sobre o que deixamos para os LGBTs mais novos? Qual o contato que teremos com eles? Eles lembrarão que existimos? Como será a saúde da população LGBT até lá? Como serão os espaços de lazer e diversão? Teremos uma família? O que teremos feito quanto ao tratamento que s LGBTs idosos recebem nos asilos e similares hoje em dia? Quem cuidará de nós? Ficaremos abandonados?
Essas perguntas são, sem dúvidas, de suma importância para que "nós" reflitamos em que condições "vivem" as pessoas LGBTs idosas no Brasil. Seja em casa, em instituições de acolhimento, asilos etc.
Atualmente não ouvimos falar de nenhuma iniciativa ou política de proteção e amparo à população LGBT na terceira idade e isso, deve ser pautado por TODOS "nós" para ontem. Pois ao negligenciar isso, não estamos sendo muito diferentes dos que nos matam enquanto jovens. Pois estamos sendo coniventes com a solidão e abandono dos nossos quando idosos. 
Então vêm mais perguntas: -Qual o sentido da nossa luta? Porque estamos lutando? O que, de fato, estamos fazendo? Qual o sentido de lutar para não morrer aos trinta e poucos e simplesmente não viver depois dos sessenta?
Não existe nenhum motivo para comemoração da velhice LGBT. É como pegar o cogumelo de vida no "Mário World" e cair no buraco :. É nadar e morrer na praia.
Essa situação nos faz pensar, também, no quão ingrato somos aos que lutaram antes de nós para que pudéssemos ter, hoje, condições melhores e mais liberdade para ser o que realmente somos. Há de se lembrar sempre, que foram exatamente as "mariconas" que lutaram (e nas ruas) muito antes de nós podermos "lutar" através das redes sociais, como acontece em muitos casos. As poucas pessoas LGBTs que lutaram e sobreviveram para contar suas histórias, estão muitas vezes jogadas à própria sorte sem apoio da família ou da população LGBT ("nós"). Enquanto "nós" seguimos vivendo na nossa bolha virtual, sem abrir os olhos ara o que acontece lá fora, no mundo real. O que "nós" deveríamos tratar como exemplos a serem seguidos de luta, resistência, força e conquistas; "nós" simplesmente não tratamos como nada ou tratamos como piada. Mas nunca como pessoas dignas de todo o respeito, proteção e colhimento devidos. Principalmente por tudo o que enfrentaram e passaram para que a sociedade caminhasse o quanto caminhou no reconhecimento que temos hoje. 
Temos que procurar essas pessoas, saber o que acontece com elas, como elas vivem, do que precisam e o que podemos fazer para ajudar a tornar um mundo melhor para elas. Temos que ir nos guetos, nas saunas, nos bares, nos asilos, nas ruas, debaixo dos viadutos, nas rodoviárias, nas delegacias e em todos os lugares. Isso é inclusão. É sair da nossa zona de conforto e ir nos locais onde existem pessoas que podem precisar de nós. Em lugares onde há violência e poder, talvez, salvar uma vida.
Porque se "nós" sofremos homofobia hoje que somos "novinhos", "bonitinhos" em plena "idade ativa", imagina aqueles que apenas pela idade já seriam vistos por grande parte da sociedade como um "peso" e ainda são LGBT. Fechemos os olhos e imaginemos a crueldade da violência contra o idoso, acrecida de homofobia. Sim, é cruel. É desumano, torpe, vil, nefasto e todos os adjetivos semelhantes. E este, possivelmente será o tratamento destinado àqueles de "nós" que alcançarmos a terceira idade. Pois hoje, "nós" nem lembramos que eles existem e quem garante que os "sub 17" (que "nós" tampouco nos importamos) lembrarão que existiremos daqui a quatro décadas?
É preciso que acordemos para isso o quanto antes, pois toda luta deve ter uma finalidade (fim) e se o no nosso presente, temos duas opções de fim: uma morte prematura por violência ou suicídio ou o abandono e esquecimento na velhice. Frente a isso, não vêm mais perguntas e sim uma constatação: A vida população LGBT tem um final. às vezes precoce, às vezes nem tanto. Mas nenhum deles é um final feliz. E mudar isso, mais do que nunca, está nas nossas mãos.








Rafael Campos
 13 de Julho de 2016

domingo, 10 de julho de 2016

SER GAY O SUFICIENTE

Nos últimos tempos, o movimento LGBT vem passando por diversas crises internas.
Em tempos onde o ativismo se tornou predominantemente virtual e individual, as pessoas parecem não perceber que diversas vezes (para não dizer quase sempre) elas fazem exatamente o que criticam e entram em notória contradição. Mostrando uma perigosa falta de interesse pelas questões pragmáticas e se atendo apenas ao debate mais profundamente superficial possível, temas como criminalização da LGBTfobia; despatologização da transexualidade; pautas voltadas à saúde; segurança; políticas de proteção e amparo às crianças e adolescentes LGBTs agredidas, abusadas e expulsas de casa e políticas de proteção e amparo aos LGBTs idosos são totalmente ignorados em prol de infinitas discussões muito mais "urgente" e necessárias" como: "protagonismo", "local de fala", "heteronormatividade", "padrões estéticos", "gênero fluido", dentre outros.
Com o passar dos anos e a evolução dos meios de comunicação, a internet se tornou cada vez mais a ferramenta principal da militância do século XXI. O que a vem tornando perigosamente individualista, imediatista, rasa e impositiva. Não se sabe mais construir um diálogo com pessoas que "não sofrem a mesma opressão que você". Qualquer um que não esteja no seu "grupo", é seu opressor e não merece qualquer consideração ou debate, pois a única vontade que vale é a sua porque é o "mais oprimido". Isso faz com que cada vez mais, as pessoas tentem impor seus estilos e modos de vida para os demais, afim de fazer com que eles se encaixem nos seus "padrões de desconstrução". Se você não é "closera", "fechativa", "lacradora" e "pintosérrima" você não e gay o suficiente e não passa de uma "bixa encubada, heteronormativa" que tem que ficar calado e não pode falar nada orque não tem local de fala. 
Mas o que é ser gay o suficiente? É se portar e agir de acordo com o novo "Código de Conduta Gay"? É ter que provar para o meio LGBT que não precisamos provar nada para a sociedade provando para eles que seremos exatamente o que querem que sejamos? (confuso, não?)
Coisas como essa nos mostram a que ponto a incoerência (para não dizer hipocrisia) podem chegar. Pois ao defendermos a "diversidade", criticamos aberta e desmedidamente pessoas que, muitas vezes são apenas do jeito que são. Que se encaixam e se sentem confortáveis em ser e se portar de determinada forma mais "discreta" ou usar roupas "masculinas.
As pessoas que se preocupam tanto em estabelecer locais para as coisas, parecem não ter a mínima noção do que defendem ao entender justamente que existem LOCAIS e MOMENTOS específicos para se debater todos os tipo de assuntos e demandas. Transformando assim, a política e um movimento de luta por direitos, em um espaço de discussões filosóficas infinitas que por mais que sejam extremamente válidas e necessárias para o bom desenvolvimento da sociedade, não acrescentam em absolutamente nada no movimento em questão. A mistura de espaços e falta de foco têm se mostrado, cada vez mais, as piores inimigas do movimento LGBT.
Vivemos em uma época em que a sociedade se organiza em micro-bolhas, onde seus membros tomam a realidade em que vivem como aplicável ao restante da sociedade. O que não chega nem perto de ser verdade e dificulta cada vez mais a construção de propostas e projetos abrangentes e aplicáveis a níveis macrossociais.  E uma vez que a individualidade coletiva é propagada de forma desenfreada e usa de espaços e mecanismos de construção conjunta para sobrepor suas vontades individuais ou de seu grupo em detrimento dos demais, não pode-se esperar, de fato, muitos avanços.
É preciso entender que "dar a cara a tapa" vai muito além de postar textos de teorias pós modernas desenvolvidas em grupos de "militância" do Tumblr ou Facebook, ter trejeitos afeminados, usar o dialeto ou postar memes nas redes sociais. Dar a cara a tapa é se afirmar enquanto gay e enquanto ser social e ter consciência disso, respeitando absolutamente TODAS as diferenças entre as pessoas sem querer impor o seu estilo ou ideias à elas. É se preocupar com seus semelhantes e no que você pode fazer para realmente ajudar. É pensar que enquanto ficamos criticando outros gays por serem "heteronormativos demais" ou "afeminados demais", poderíamos estar discutindo uma forma de criminalizar a LGBTfobia. É conversar, dialogar e abrir debate com os héteros para que eles nos ajudem a criminalizar a LGBTfobia ao invés de excluí-los do debate e mandá-los calar a boca porque eles "não tem lugar de fala", apenas para satisfazer nossa sede de vingança mesquinha e mandar ele calar a boca. É fazer com que o nosso opressor pare de nos oprimir porque ele sabe que isso é errado, não porque estamos berrando na cara dele e tendo para com ele as mesmas atitudes que ele tem com a gente (piadas, chacotas, ironias, etc...). É ter coerência entre o que você defende e com o que você pratica. ISSO é dar a cara a tapa; é fazer o que incomoda, o que a gente não quer, o que pode doer, porque sabemos que assim conseguiremos evitar que mais pessoas como nós passem por tudo o que tivemos que passar em função do preconceito. Este deve ser o real sentido da militância: melhorar o mundo para nós e para todos. E ninguém nunca disse que isso seria fácil ou agradável. É para os fortes. Para quem realmente está disposto a fazer coisas desagradáveis e dialogar educadamente com gente que não gosta e da pior espécie em função de um bem que não é apenas para si, mas para toda uma comunidade.
Enquanto o movimento LGBT seguir focado em disputas de ego internas vazias e sem sentido, seguiremos estagnados tal qual nossos inimigos querem que fiquemos. Pois eles sim, estão muito bem organizados e alinhados no que querem. Possuem discursos persuasivos, inserção social (que nós não temos) e estão conseguindo levar cada vez mais a sociedade para o lado deles e contra nós.
É preciso sair do "Vale dos Homossexuais" que criamos e voltar para o mundo real, pois lá fora existem muitas pessoas que não possuem nem a chance de sonhar em ter um vale desse para "viver".
É preciso que todos nós sejamos Gays o suficiente para encarar o movimento LGBT como um movimento político sério e que deve ser organizado e com objetivos, pautas e discussões claras e inclusivas à TODA comunidade. Deixando de lado as disputas de ego e os revanchismos cotidianos em função do que realmente deve ser prioritário. 
O lugar de fala existe, mas nunca deve ser mais importante que o debate, pois se não há debate e pontos de vista divergentes, há uma imposição. E dessa forma nós nunca conseguiremos nenhum tipo de avanço dentro do movimento, muito menos na sociedade como um todo, bem como seguiremos alimentando a imagem negativa do movimento LGBT e legitimando todas as críticas das quais somos alvos quando dizem que "não sabemos o que queremos", "queremos demais", "não sabemos dialogar".
Uma pessoa alegar "reação do oprimido" para justificar uma má conduta não faz com que sua conduta melhore, apenas a transforma em imatura e revanchista. Além de ela esquecer que seguindo por esta mesma lógica, ela legitima o opressor "oprimido" por ela a perseguir e agredir outra pessoa para descontar. Onde está a preocupação de militante nessa hora? Não podemos ser inconsequentes e enquanto seres pensantes que somos, devemos entender que certas coisas não estão sob nosso controle. Como o fato de pelo simples motivo de sermos gays, sempre estaremos em maior "destaque" na sociedade, sendo assim, todas as nossas atitudes influenciam na concepção que os demais têm a nosso respeito. Principalmente a nossa forma de lidar com eles e dialogar. E sem o apoio da maioria da sociedade, poderíamos ser massacrados como éramos há poucas décadas atrás.
Temos que repensar urgentemente nossa forma de atuação e inserção em sociedade, pois empatia não é uma coisa que se consegue à força e sim com muito diálogo, discussão e debate envolvendo o maior número de pessoas possíveis. Caso contrário, não poderemos ficar chocados com o quanto "a direita está reacionária" e se mobilizando contra os direitos da população LGBT. E enquanto estivermos preocupados em chamar homens gays "heteronormativos" de "GGGG", tentar calar pessoas dentro do próprio meio sem se importar em esclarecer as divergências, querer impor "teorias" e afins, não conseguiremos empatia nem dentro da população LGBT, muito menos da sociedade como um todo. Menos ainda, pensar em dar algum tipo de amparo para as crianças adolescentes e idosos LGBTs. 
Porque como poderemos pensar em lembrar e ouvir essas pessoas quando não conseguimos ouvir e dialogar nem com quem está na nossa frente? Nós não pensamos neles, porque se pensássemos colocaríamos nosso ego de lado em função do que realmente importa. Mas o movimento "LGBT" é a única luta "coletiva" onde os membros brigam por "protagonismo".




Rafael Campos.
10/07/2016

sábado, 2 de julho de 2016

1626 anos de perseguição (e resistência) e contando...

A comunidade gay é historicamente a comunidade mais perseguida do mundo. 

Desde a idade antiga, passando pela idade media, moderna e contemporânea, a comunidade gay é perseguida e morta nos quatro cantos do mundo e há apenas 27 anos que começamos a ter avanços reais em alguns países.

O judaísmo, desde seu surgimento (datado do século XVIII A.C.) já pregava que as relações sexuais tinham como único objetivo a "multiplicação da criação divina". Mas essa ideia ficou restrita à comunidade judaica e aos pouco cristãos existente até o início do século IV, quando o imperador romano Constantino converteu-se ao cristianismo e instaurou-o como religião obrigatória no maior império existente na época. Posteriormente, no ano de 390, durante o reinado de Tedósio I (ou Tedósio, o Grande), a homossexualidade passou a ser punida com a pena de morte, o que foi uma das razões que desencadearam o Massacre de Tessalônica no ano de 388 no qual morreram entre 300 e 7000 pessoas de acordo com a versão contada (que pode ser considerado a primeira rebelião contra a homofobia exercida pelo cristianismo da história). 

No século VI, em 533, o imperador Justiniano promulgou a primeira lei que punia, sem ressalvas, a homossexualidade e a equiparava ao crime de adultério, que também tinha a morte como pena. Ainda durante seu império, nos anos de 538 e 544, outras leis passaram a obrigar que os homossexuais se arrependessem de seus pecados e fizessem penitência. Punições estas, que foram se intensificando com o nascimento e expansão do islamismo a partir do século VII, reforçando a teoria de que o sexo deveria ser feito apenas no intuito de reprodução. e afastando e marginalizando cada vez mais os homossexuais na sociedade. O que não impedia com que os homens se relacionassem entre si, mas os obrigassem a fazê-lo às escondidas. Criando assim, o nosso tão conhecido "armário".

A partir de meados do século XII, porém, a igreja católica começou a enfrentar uma série de crises e com o humanismo renascentista, os valores clássicos -bem como o gosto dos antigos pela forma masculina- foram ressurgindo através da celebração do amor entre homens por poetas, pintores, escritores e dramaturgos. Além do fato de que, entre a nobreza, a homossexualidade nunca foi de fato censurada.Um dos casos mais conhecidos é o do monarca inglês Ricardo Coração de Leão (1157-1199).

Durante os anos de 1347 a 1351, a peste negra devastou a Europa, matando 25 milhões de pessoas. Frente à incapacidade dos cientistas da época de explicarem as causas da doença, as mesmas foram rapidamente atribuídas pela população a um "castigo divino" pelo "pecado" que os homens cometiam ao relacionarem-se com outros homens. "Pecado" este, que foi apontado também como causador de diversas outras calamidades que afetaram a Europa, como guerras e a fome. Desta forma os judeus, hereges e sodomitas (homossexuais) passaram a ser culpados por todos os males sofridos pela sociedade da época, tornando-se os principais alvos de perseguição e extermínio. Medidas extremas foram tomadas. Em 1432 a sodomia foi proibida em Florença com a criação dos Ufficiali di Notte (agentes da noite), o que resultou em setenta anos de perseguição ferrenha a homens que se relacionavam com outros homens, fazendo com que 17 mil fossem incriminados e 3 mil fossem condenados por sodomia em uma população de apenas 40 mil habitantes.

Outros países foram seguindo o exemplo e criaram leis rígidas para punir os homossexuais. O século XIX começou com o enforcamento de vários cidadãos acusados de sodomia na Inglaterra, sendo que entre os anos de 1800 e 1834, 80 homens foram mortos por serem gays. A pena de morte para os atos de sodomia foi abolida apenas em 1861, quando o país a substituiu por uma pena de dez anos de trabalhos forçados. 

Pouco tempo depois, ainda no mesmo século, a ciência começou a se interessar pela homossexualidade. A expressão "homossexual" foi criada em 1848, pelo psicólogo alemão Karoly Maria Benkert (1824-1882). E, tinha como definição "além do impulso sexual normal dos homens e das mulheres, a natureza, do seu odo soberano, dotou à nascença, certos indivíduos masculinos e femininos do impulso homossexual (...). Esse impulso cria de antemão, uma aversão direta ao sexo oposto". Alguns anos depois, em 1897, o médico inglês Havelock Ellis publicou o primeiro liro de medicina sobre homossexualismo em inglês, o "Sexual Inversion" (Inversão Sexual). Nele o autor defendia que a homossexualidade congênita e hereditária. Somando-se assim, à opinião científica, médica e psiquiátrica vigente de que a homossexualidade se tratava de uma doença derivada de uma anormalidade genética associada a problemas mentais na família. Foi, também no século XIX, que surgiram as primeiras iniciativas de enfrentamento e mobilização política pelos direitos dos homossexuais do período contemporâneo. O alemão Karl Heinrich Ulrichs foi o percursor do que hoje conhecemos como "ativismo gay", em 29 de agosto de 1867 durante o VI congresso de juristas alemães, que ocorreu em Munique. Na ocasião ele exigiu publicamente, diante de 500 pessoas, que a homossexualidade masculina fosse descriminalizada. Seu discurso e seu ativismo inspiraram alguns liberais e foram responsáveis pelo desenvolvimento de uma consciência política que resultaria, em 1897, na criação do "Comitê Científico Humanitário" pelo médico polonês Magnus Hirschfeld (1868-1935), no qual também foram incluídas as pautas de mulheres lésbicas, travestis e transexuais. O comitê foi responsável, também, pelo impedimento da criminalização da lesbianidade em 1910. Razão pela qual as mulheres lésbicas não foram enviadas para os campos de concentração nazistas.

A teoria de que a homossexualidade era uma doença, unida aos ideais crescentes de pureza racial e eugenismo (estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações seja física ou mentalmente) que ganharam força nos anos de 1930, foram as justificativas necessárias para que se iniciasse um dos capítulos mais terríveis da história dos homossexuais. Em 1933, o neurocirurgião português Egas Moniz (1874-1955) criou a técnica da lobotomia, que consistia em um procedimento cirúrgico que cortava um pedaço do cérebro (mais precisamente os nervos do córtex pré-frontal) dos pacientes psiquiátricos. Só na suécia, mais de 3 mil gays foram lobotomizados e na Dinamarca cerca de 3500, sendo a última cirurgia realizada no ano de 1981. Já nos Estados Unidos, os cidadãos que apresentaram "disfunções sexuais" e foram lobotomizados, passaram das dezenas de milhares. Durante essa época, além de ser vista como uma "abominação aos olhos de Deus", a homossexualidade também já era vista como uma doença causada por um defeito genético.

Durante o outono de 1933, depois do expurgo ocorrido em fevereiro do mesmo ano,  o campo de concentração nazista de Fuhlsbuttel, localizado em Hamburgo, na Alemanha, começou a receber os presos capturados por homossexualismo. Asim que saíam dos trens, eles eram marcados com a letra "A", que posteriormente seria substituído por um triângulo cor-de-rosa invertido. Diferentemente dos outros presos, os homossexuais não eram enviados aos campos para serem exterminados, mas sim "curados". Entretanto, a tal "intenção de cura" não impediu com que a taxa de morte dos homossexuais nos campos de concentração nazistas fosse a maior entre os "grupos anti-sociais". Segundo um estudo do sociólogo alemão Ruedger Lautmann, 60% dos homens gays que foram enviados aos campos de concentração foram mortos, contra 41% dos prisioneiros políticos. Tais mortes ocorreram devido ao tratamento singularmente cruel que era dedicado aos homens gays, que eram perseguidos não só pelos soldados alemães, mas também pelos demais prisioneiros. Sob a política da "libertação pelo trabalho", os homossexuais eram forçados a executar os trabalhos mais forçados e perigosos, além de terem , frequentemente, o triângulo rosa que eram obrigados a usar, utilizado como alvo de prática de tiros pelos soldados da SS. Houveram, também, muitos casos de homossexuais que morreram em decorrência de espancamentos praticados por parte dos outros detentos dos campos, bem como em "experiências científicas" que visavam localizar o "gene gay" a fim de encontrar uma "cura" para as crianças arianas que viessem a ser gays. Outras formas de tortura também foram usadas contra os homossexuais, como arrancar-lhes as unhas, estupros com réguas de madeira quebradas, causando-lhes graves hemorragias internas e ataques de cães para que fossem mordidos até a morte.
Outra forma utilizada para "curar" os homossexuais no campo de concentração deFlossenbürg, foi a criação de uma casa de prostituição que os homossexuais eram obrigados a frequentar. Os que eram "curados" eram enviados por "bom comportamento" para os campos de guerra para combater os russos. Além de todos os tratamento citados, o endocrinologista nazista Carl Vaernet elaborou um "procedimento" no qual ele castrou os pacientes do campo de Buchenwald e injetou-lhes altas doses de hormônios masculinos, para observar possíveis sinais de "masculinização". Todos estes fatos fizeram com que cerca de 15 mil gays fossem mortos nos campos de concentração durante o regime nazista. Os que conseguiram sobreviver, mesmo após a guerra, ainda foram forçados pelos americanos e britânicos a cumprir o que restava da pena imputada pelos nazistas em prisões convencionais.

Durante as décadas de 1950 e 1960, os homossexuais norte americanos enfrentavam um sistema jurídico abertamente anti-homossexuais, que perseguia e realizava frequentes batidas policiais em bares gays. Mas no ano de 1969, no bairro Greenwich Village em Nova York, quando a polícia invadiu o bar Stonewall Inn, que era frequentado por homossexuais, prendendo cerca de 200 pessoas, as coisas fugiram ao seu controle. Na madrugada do dia 28 de junho, ao sair com os presos após a invasão, a polícia foi recebida por uma multidão que estava farta dos frequentes abusos. As pessoas então, atacaram os policiais com pedras e garrafas. Foi o início do "Gay Power". A partir de então, as rebeliões só vieram a aumentar noite após noite, fazendo com que em poucas semanas, os moradores do bairro organizassem grupos de ativistas concentrassem esforços no estabelecimento de lugares que gays e lésbicas pudessem frequentar sem medo de serem presos. No dia 28 de junho do ano seguinte, foram realizadas as primeiras marchas do orgulho gay em Nova York, Chicago, São Francisco e Los Angeles em comemoração ao aniversário dos motins. Alguns anos depois, várias organizações de direitos gays foram criadas nos Estados Unidos e em outros países do mundo. Os membros da comunidade gay perceberam que era preciso que eles se organizassem para que a homofobia fosse combatida. Uma das principais vitórias da época foi conquistada em 1970, quando o cofundador do movimento pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos "Panteras negras", Huey Newton, declarou publicamente seu apoio ao movimento pró-gay. Sendo a primeira vez em que um movimento majoritariamente heterossexual apoiava a causa. Três anos depois, viria mais uma grande conquista: a Associação de Psiquiatria Americana retirou a homossexualidade de sua lista de patologias. Expondo, assim, os danos que as "terapias de reparação" causavam aos pacientes. Até que em 1977, na Cidade de São Francisco, estado da Califórnia, os eleitores da cidade elegeram pela primeira vez na história do país, um homem assumidamente gay a um cargo público. Harvey Milk (1930-1978), foi (e é) um dos ativistas gays mais emblemáticos e conhecidos da história do movimento gay moderno.

A situação, porém, só começou a melhorar de fato, no final do século XX, quando durante as décadas de 1980 e 1990, a maioria dos países desenvolvidos descriminalizou a homossexualidade. Ainda na última década do milênio, no ano de 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID). O que pode ser considerada a maior vitória do movimento gay nos últimos tempos.

Em 1989 a Dinamarca se tornou o primeiro país do mundo a reconhecer a união religiosa entre pessoas do mesmo sexo pela igreja luterana (igreja oficial do estado dinamarquês). O primeiro país a reconhecer a união civil entre homossexuais foi a Holanda (2001). Seguida por Bélgica (2003), Espanha (2005), Canadá (2005), Africa do Sul (2006), Noruega (2009), Suécia (2009), Portugal (2010), Argentina (2010), Islândia (2010), Dinamarca (2012), Brasil (2013), Uruguai (2013), Nova Zelândia (2013), França (2013), Inglaterra (2014), País de Gales (2014), Escócia (2014), Luxemburgo (2014), Finlândia (2015), Irlanda (2015), Estados Unidos (2015) e Itália (2016).

Com o passar dos anos, o movimento foi crescendo e ganhando cada vez mais visibilidade ao redor do mundo. Tornando-se mundialmente conhecido primeiramente como "movimento GLS (Gays, Lésbicas e Simpatizantes), depois assumindo a sigla "GLBT" (Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais) e por fim o atual acrônimo "LGBT" (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais). Mas à medida que a sociedade foi evoluindo junto com as formas de combate à homofobia, o preconceito também foi se adaptando aos novos tempos.

O início do século XXI tem sido marcado não só por grandes avanços das pautas LGBT em vários países do mundo, mas também por um grande aumento da externalização dos velhos preconceitos e do ódio às pessoas pertencentes ao grupo. Tais fatos são ainda mais agravados pelas grandes disputas internas que se instalaram dentro dos grupos de militância; e novamente, o alvo principal são os homens gays.

Eternamente condenados como "abominação" pelo cristianismo, a comunidade gay viu com o passar dos últimos anos (principalmente a partir de 2013) uma surpreendente e histórica postura bem mais "branda" e "acolhedora" por parte da igreja católica para com as pessoas LGBT. O Papa Francisco, que outrora, quando bispo de Buenos Aires, chegou a se opor fortemente à aprovação da legislação argentina que  permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo, dizendo que "se o projeto de lei que prevê às pessoas do mesmo sexo a possibilidade de se unirem civilmente e adotar também crianças vier a ser aprovado, poderia ter efeitos danosos sobre a família", passou a assumir uma posição surpreendentemente oposta ao se tornar papa. Desde o início de seu pontificado, o chefe de estado do Vaticano deu várias declarações em favor dos homossexuais, dizendo que "eles não devem ser marginalizados, mas integrados à sociedade" e que "se uma pessoa é gay e procura o senhor, quem seria ele para julgar?" que "todos devemos ser irmãos" e que "a igreja não deve interferir espiritualmente na vida de gays e lésbicas" e que "Deus, ao nos criar, nos fez livres". Mas tal fato está longe de significar o fim da perseguição cristã aos gays, uma vez que a igreja evangélica vem crescendo a passos largos e amparada pelas mais tradicionais e fundamentalistas regras e imposições do cristianismo. Fundamentalismo este, que saiu de dentro dos "templos religiosos" e passou a fazer parte da política. Ameaçando assim, a laicidade dos estados e os direitos conquistados nos últimos anos. Além da crescente expansão a nível global de grupos radicais islâmicos, que têm os homossexuais como um dos alvos principais).
A "reação" dos movimentos conservadores (religiosos, militares e intolerantes no geral), acontece em um dos momentos mais delicados do movimento "LGBT". Muitas pessoas que hoje, compõem o movimento (entidades, coletivos, grupos, etc), não vivenciaram tudo que nossos antecessores de causa viveram e as condições de sua época; o que somado ao avanço tecnológico, transformou o ativismo "LGBT" em uma espécie de "militância virtual" e abstrata. Que se dedica mais a disputas internas e elaboração de teorias pós-modernas de sexualidades e gêneros diversos (como a "teoria queer"), do que efetivamente às demandas práticas e materiais do grupo.
Apesar de ainda não ser exatamente "fácil" ser gay nos dias atuais (o preconceito ainda é grande na maioria dos lugares), a comunidade "LGBT" não corre o risco de ser presa, torturada, condenada à morte (pelo estado) como era até relativamente pouco tempo atrás. Tais garantias deram uma falsa sensação de segurança permanente aos membros da comunidade, que aos poucos foram perdendo o interesse pelo movimento. Além disso, o movimento "LGBT" tem passado por uma série de conflitos internos advindos da valorização exacerbada do "protagonismo" e do "identitarismo", fazendo com que o movimento fique cada vez mais rachado devido às disputas egoicas presentes na atual conjuntura.

Um dos maiores conflitos se deve ao novo formato que o movimento "LGBT" vem assumindo nos últimos anos. Sendo majoritariamente cooptado pelos partidos de esquerda (que até o final do século XX eram tão homofóbicos quanto os nazistas), o movimento perdeu grande parte de sua independência e autonomia política ao se tornar um verdadeiro "combo" de ativismos que passou a misturar diversas pautas e demandas políticas e sociais específicas a cada causa. Tornando-se assim, dependente de ações e iniciativas de partidos políticos ou do bom senso do sistema judiciário para que seja alcançada alguma nova conquista. Não é mais um movimento "físico", mas sim uma "ideologia política". Que com o crescimento dos demais movimentos sociais, começou a ter cada vez mais interferência externa, que está fazendo com que pessoas pertencentes cada letra do acrônimo "LGBT" trate as outras como potenciais inimigas e opressoras. O que leva (novamente) o homem gay ao posto de "escória da sociedade".
Atualmente a comunidade gay é atacada e perseguida por diversos setores da sociedade: Considerada "impura" e "herege" pelos fundamentalistas religiosos, acusada por parte da militância trans de ter "roubado o protagonismo" dos motins de Stonewall, acusada de machismo e misoginia por algumas correntes feministas devido ao fato de não sentir atração (ou sentir aversão) ao órgão genital feminino, acusada de transfobia pelos "teóricos pós modernos" ao se opor às teorias que afirmam que a sexualidade e o gênero são fluidos não essenciais, mas sim frutos de uma construção social, acusada de falocêntrica e transfóbica por se afirmar como única e exclusivamente como homossexual. Relacionando-se assim, apenas com outros homens gays cisgêneros (que possuem gênero e sexo biológico masculino), acusada por parte da comunidade lésbica de "invisibilizar" as lésbicas ao longo da história, além de todas as opressões cotidianas que ainda fazem parte da vida da comunidade.

Em tempos em que novamente a comunidade gay corre o risco de voltar a ser o centro da satanização da sociedade e que o movimento "LGBT" caminha em um processo de desaceleração crescente, ao passo que os ideais homofóbicos voltam a ganhar força na sociedade e na política, é de extrema importância e necessidade que haja uma imediata reorganização e resgate do movimento homossexual para que através da retomada do ativismo material e prático, as conquistas já logradas sejam mantidas e as demandas ainda pendentes tenham os devidos avanços. É preciso recriar a mesma consciência de organização política eclodida após os motins de Stonewall. É necessário que haja cada vez mais "Harveys" Milk na política de todos os países para que a comunidade homossexual possa voltar a ser independente e forte, bem como deliberar sobre suas próprias pautas e encaminhá-las ao estado de forma que haja chances reais de que sejam aprovadas. Sem que haja necessidade de ser um "apêndice de partido". Homossexualidade não é uma ideologia nem uma teoria. É uma característica, um fato. Não está relacionada à "direita", "esquerda" ou qualquer outro posicionamento político ou econômico. Está relacionada aos direitos humanos. E é necessário que se entenda que, depois de conquistados, tais direitos  devem ser mantidos e a manutenção dos mesmos deve ser feita pelos indivíduos de interesse. Pois caso contrário, não será feito por outro grupo. E em um país como o Brasil, onde segundo o próprio ordenamento jurídico, "nenhum direito é absoluto", o que hoje é normal e "aceito pela sociedade", amanhã pode tornar-se crime punido com pena de morte. E "Bolsonaros" e Trumps" de hoje, podem ser o Hitler de amanhã. Tal qual ocorreu no início do milênio anterior.

É hora de reconhecer que o "combo de ativismos" chegou ao seu limite e que a independência dos movimentos e das pautas é necessária para que sejam supridas todas as demandas.. O que não exclui que um movimento apoie politicamente o outro (como ocorrido em 1970).

"Impérios não são destruídos por forças externas, e sim por fraquezas internas" (Lionel Luthor).




Rafael Campos, 26 de Junho de 2016

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Rev-olução

Olho pela janela da sala e vejo as luzes dos prédios vizinhos através do filtro dos sonhos que balança ente minhas cortinas.
Penso num passado não muito distante em termos de data, porém que carrega consigo histórias e experiências suficientes para preencher vários anos.
Lembro-me de um garoto que se achava homem. Com seus recém eitos, dezoito anos, já se achava dono de sua própria vida e de seu destino. Um homem pronto para encarar os desafios da vida adulta e de viver na cidade grande. um garoto que em seu primeiro dia nessa cidade, sentou-se na sala do apartamento onde morava e escreveu um texto falando sobre evolução e sobre sua vinda pela cidade em uma perspectiva cheia de ideais e certezas de coisas que provavelmente não eram tão certas.
O tempo se passou em em dois anos e nove meses, este mesmo menino descobriu que não estava nem perto de ser um homem. Que descobriu que quase todas suas certezas eram incertas e grande parte equivocadas. Que descobriu que MORAR na cidade grande é completamente diferente de VIVER na cidade grande. Que a vida ensina muitas coisas, mas que nada é de graça. Que inclusive sua liberdade tem um preço. E geralmente este, é o maior preço a ser pago. Que por mas que várias pessoas passem pela sua vida, sempre haverá aquela pessoa que vai olhar pra você e dar uma rizada falando que você se fodeu. Mas essa pessoas sempre estará ali pra te levantar e vocês se ferrarem juntos e falar: "Bora que vai dar tudo certo, se não der, a gente tenta outra coisa". Que aprendeu que a vida pode ser muito mais festiva do que a maioria gostaria de admitir, e que até nos maiores momentos de descontração, sempre há um fundo sério. E vice-versa. Que aprendeu que é melhor rodar com seus amigos do que pelegar com os coxinhas. E que se você não traçar e correr atrás de seus objetivos, ninguém o fará por você.
Vejo fotos deste garoto que em muito me lembra a imagem que me reflete o espelho. Um rosto que em quase nada mudou, apesar do fato de sua mente ser irreconhecível se comparada com a da época.
Um garoto que cresceu mais nos últimos quase três anos do que em grande parte da sua vida, que hoje a única quase certeza que tem é de que ele continua longe de se tornar um homem. Não que isso faça dele uma criança, o que também não seria ruim. Porém um ser humano que sabe que a cada dia haverão novas experiências e aprendizados e novos desafios maiores que os anteriores.
Um cara que hoje olha para trás e sente orgulho de sí mesmo e mais confiante em continuar evoluindo e um dia, sentar-se novamente à janela e ao observar a vista e ouvir o barulho que vem de fora, possa dizer que encontra-se a uma distância menor de ser um homem, porém com aquela mesma juventude que sempre o acompanha.

Rafael Campos, 14 de Novembro de 2014

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Castelo de Sonhos

Rosto de menino, corpo de adolescente, pensamentos ousados, maturidade de um jovem adulto que está a descobrir novos caminhos e horizontes e uma vontade incessável de conquistar o mundo.
Nos olhos verdes, a esperança de um dia encontrar-se e realizar os sonhos almejados.
Dificuldades aparecem, decepções existem, desilusões são constantes. Mas cada vez que ele encontra uma pedra em seu caminho, não a retira e joga fora. Ele as guarda, pois sabe que com elas construirá seu castelo, onde um dia, ninguém mais o fará mal.
Um castelo de sonhos realizados, objetivos alcançados, vitórias conquistadas...
Sabe que veio a este mundo sozinho, mas não necessariamente precisa continuar assim. 
Um dia acreditou que todas as pessoas do mundo eram boas, depois pensou que nenhuma valia a pena e por fim aprendeu que existe um pouquinho dos dois e que cabe a ele saber diferenciá-las.
Nos ombros carrega o peso de suas responsabilidades e a confiança depositada nele. Nas mãos carrega a força para vencer os obstáculos que terá de enfrentar. E no peito leva consigo as armas necessárias para vencer na vida: sua família, amigos e a coragem que nunca o deixa.
Acontecimentos passados às vezes o atormentam, pensamentos e lembranças vem à sua mente fazer com que se lembre do que não deu certo. Poderia pensar em desistir e voltar atrás, mas com os erros ele cresce e aprende que a vida de um jovem adulto é muito mais difícil que ele imaginava.
Na mente apenas uma certeza incerta: a de que dificuldades virão, ele as vencerá (sozinho ou não) e no final de sua árdua trajetória, estará construído seu castelo de sonhos realizados onde ele viverá com todos aqueles que o ajudaram a construí-lo e nunca o abandonaram em seus momentos mais felizes e mais tristes.

Rafael Campos, 22 de Novembro de 2012

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Incertezas

Abro os olhos, me levanto, escovo os dentes, tomo um café e fumo um cigarro...
Dia após dia a mesma rotina se repete. Dia após dia o sol nasce e se põe exatamente no mesmo lugar. E eu continuo aqui. Estático. A mesma pessoa que fui ontem e que serei amanhã. Mas até quando? Até quando serei o mesmo garoto que era ontem e serei amanhã? Quando me tornarei um homem?... Ou será que já me tornei e ainda não me dei conta?
Será possível a fase das indecisões, inseguranças e incertezas já ter passado sem que eu tenha me dado conta? E se eu não tiver certeza que que as incertezas se foram? Mas será que um homem também não possui dúvidas e incertezas? Será este ser maduro tão perfeito a ponto de perder a característica humana de ser incerto ou confuso? Será que com o passar do tempo encontramos as respostas para tudo? Se assim for, quando todas as perguntas estiverem respondidas, não haverá mais graça na existência, uma vez que não há mais nada a se descobrir... Perderia-se o sentido de levantar-me dia após dia, repetir a mesma rotina e olhar um mundo estranho que ainda está para ser descoberto e que nunca será totalmente compreendido, uma vez que a cada resposta descoberta, surgem cada vez mais perguntas. E é exatamente neste ponto que está o verdadeiro sentido de tudo: descobrir o mundo e a si mesmo cada dia mais. Descobrir que por mais que pareça, hoje você não é mais o mesmo que era ontem, nem o será amanhã. Pois mesmo quando pensamos que não estamos pensando em nada, estamos pensando em alguma coisa e tal ato, faz de cada um de nós uma nova pessoa a cada dia que passa e descobrimos que nunca conhecemos a nós mesmos, uma vez que pensamos ser uma pessoa ontem, mas hoje somos outra e amanha outra e depois e depois e depois...
Muitas perguntas, poucas respostas, várias dúvidas e incertezas e consequentemente várias coisas a se descobrir. A única coisa que é certa é que o sol continuará nascendo e se pondo todos os dias no mesmo lugar (será?)
Cada dia que passa vejo uma pessoa diferente no espelho e por mais que estas pessoas sejam diferentes, elas possuem semelhanças: A vontade de crescer e descobrir cada vez mais coisas e o fato de que não querem ser um homem com todas as respostas e certezas do mundo, mas sim o mesmo garoto que não é o mesmo, igual porém diferente que possui a certeza de que quer continuar a ter suas incertezas e contradições e em um dia igual, como todos os outros diferentes, olhar no espelho e ver um novo garoto diferente.
Pois a vida é feita de descobertas e eu descobri que quero continuar descobrindo para ter cada vez mais a certeza de que não tenho certeza de absolutamente nada, apenas do que eu sou agora e que serei diferente amanhã.



Rafael Campos, 26 de Outubro de 2012

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Evolução

Há coisas que ocorrem em nossas vidas que podem nos assustar e dar-nos certos receios.
Escolhas e decisões qu devems tomar para que sejams e façamos outras pesoas elizs.
Medo é apenas uma jstificatva para insegurança e falta de euto segrança, uma vez que quem deve nos dar mais credibildade somos nós mesmos.
O ser humano tem uma extrema necessidade de conviver em grupos nos quais sente-se bem, confortável e protegido. É natural de sa espécie, conviver em "bando", ou sciedade como gostamos de nos referir para destinguimo-nos dos demais animais dados como "irracionais".
O fato é que também é da natureza humana, o deslocamento e a renovação de habitat.
Buscamos aquele ambiente no qual teremos mais condições de sobreivência, uma vez que levamos o nomadismo em nossas origens, bem como várias outras espécies animais que buscam sobreviver ns mundo atual.
A vida é formada de vários caminhos e nem sempre o melhor é o mais fácil. Temos que ter a conciência de que somos d tamanho de nossos sonhos e se qeremos nos realizar em nossas vidas, temos que abrir mão de uma pessoa que pensávamos que éramos, para dar lugar a um novo ser humano adulto e cheio de descobertas a fazer, seja sobre o mundo, seja sobre nós mesmos.
Quanto maior o sonho, maior o risco de se cair, quanto maior o tombo mair a queda e quanto maior a queda, maior a força com a qual nos reerguemos para subirmos ainda mais alto.
Vida que segue, horizontes que se expandem, oportnidades que aparecem, amores que evoluem...
Pessoas que amadurecem.


Rafael Campos, 23/01/2012

terça-feira, 28 de junho de 2011

Homenagem à um amigo...(V.P.)

Pode ser que um dia deixemos de nos falar...
Mas, enquanto houver amizade,
Faremos as pazes de novo.

Pode ser que um dia o tempo passe...
Mas, com a permanência da nossa amizade,
Um de outro se há-de lembrar.

Pode ser que um dia nos afastemos...
Mas, como somos amigos de verdade,
A amizade nos reaproximará.

Pode ser que um dia não mais existamos...
Mas por causa da nossa amizade,
Nasceremos de novo, um para o outro.

Pode ser que um dia tudo acabe...
Mas, com a amizade construiremos tudo novamente,
Cada vez de forma diferente.
Sendo único e inesquecível cada momento
Que juntos viveremos e nos lembraremos para sempre.
 
A única coisa que é impossível de mudar,
É o amor que eu sinto por você.
Porque amigo como você, eu sei que nunca mais encontrarei.

 Rafael Campos, 28/06/2011

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Máscaras.

Pessoas se escondem atrás de máscaras para não revelarem o que realmente são, mas muitas vezes fazem isso não por vontade própria ou por falta de caráter.
Muitas dessas máscaras são impostas pela sociedade e até mesmo pelas pessoas que mais dizem que nos amam.
São máscaras invisíveis à olho nu, mas que escondem atrás de si algo muito além de um rosto. Escondem uma vida, escondem sonhos, escondem planos e escondem uma felicidade que talvez nunca vá se realizar.
Felicidade esta, que é negada justamente pelas pessoas que mais dizem querer ver-nos bem. Felicidade esta, que poderia ser realizada apenas com uma frase: "Eu te amo do jeito que você é!". Felicidade esta que seria realizada com um abraço, uma palavra de apoio, ou até mesmo um sorriso no qual pudéssemos ver sinceridade.
Entretanto, quando não há esta compreensão, este carinho e este apoio, temos que encontrar uma maneira de mostrar a todos que podemos ser felizes da maneira que somos, independente mente de cor, religião, crença ou orientação sexual. Temos que mostrar a todos que todos são iguais e que as diferenças tem que ser respeitadas e aceitas, pois não influenciam no caráter e na dignidade de ninguém.
Só quando a humanidade puder compreender e ver o lado bom de cada ser humano, onde ninguém precisará se esconder atrás de máscaras impostas pela sociedade, poderemos realmente nos considerarmos uma raça civilizada.
Rafael Campos, 10/06/2011